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RIBEIRÃO PRETO, SP, Brazil
O grande mestre não ensina Amplia os horizontes dos seus alunos Num aprendizado constante Nildo Lage

A Economia Mundial e a globalização

A globalização é o fenômeno mais recente da economia capitalista mundial. É o resultado da evolução da técnica e da ciência, da eficiência dos meios de transportes e comunicações e da construção de instituições supranacionais que lhe dão sustentação, como a OMC (Organização Mundial do Comércio) e os diversos blocos econômicos regionais que, há pouco mais de uma década, estão em processo de consolidação. Caracteriza-se pela liberdade de circulação de mercadorias, capitais e serviços entre os países

Hoje, mais do que nunca, o mercado é controlado pelas grandes corporações multinacionais, que têm investimentos espalhados pelos cinco continentes, e o Estado acaba sendo um instrumento de expressão dessas corporações.

O mundo globalizado definiu uma nova organização do espaço geográfico, com impacto em todas as regiões do mundo, ampliando as diferenças entre os países desenvolvidos e sub-desenvolvidos e entre as classes sociais no interior de cada um deles. As conquistas técnicas e científicas promovidas por essa nova fase do capitalismo mundial ficaram fora do alcance de muitos.

Subdesenvolvimento econômico

O mundo pós-revolução industrial encontrou-se dividido em dois setores opostos, que a boa intenção dos utopistas não conseguiu jamais aproximar: de um lado o extremo da opulência, fundado na mais requintada tecnologia; de outro a pobreza absoluta, decorrente de atividades econômicas primitivas, insuficientes para suprir mesmo as necessidades básicas da população.

Subdesenvolvimento econômico é o estado crônico de inferioridade relativa em que se encontram alguns países, se comparados ao modelo das nações industrializadas. A América Latina, a África e a Ásia são continentes integrados principalmente por países subdesenvolvidos. O quadro econômico-social que caracteriza o subdesenvolvimento inclui, principalmente, produção centrada em poucos produtos primários destinados à exportação, alta concentração da riqueza e da propriedade rural, baixa renda per capita, altas taxas de desemprego e subemprego, baixo nível de consumo e altos índices de mortalidade e natalidade.

Um sistema internacional de relações econômicas, financeiras, políticas e culturais perpetua e reproduz as diferenças entre países desenvolvidos e subdesenvolvidos. Os países de passado colonial recente e os que iniciaram com atraso o processo de industrialização acabaram relegados à periferia do capitalismo, conformando o que se convencionou chamar terceiro mundo. Estabeleceu-se assim entre ricos e pobres uma nova relação de dependência, derivada diretamente do vínculo entre metrópoles e colônias existente no passado.

O termo "subdesenvolvimento" tornou-se corrente depois da segunda guerra mundial nas comissões para assuntos econômicos da Organização das Nações Unidas. Muitos cientistas sociais, no entanto, fazem objeção a seu uso, que encerraria o mascaramento ideológico de uma condição não-transitória de atraso e dependência. Ainda menos adequada seria, desse ponto de vista, a expressão "em vias de desenvolvimento", que encerra a falsa idéia de um processo de industrialização emergente. Mais correto seria falar em desenvolvimento desigual e combinado do capitalismo, em que a sustentação e aceleração do progresso de alguns países depende da manutenção de maiores ou menores níveis de atraso em outros.

Economias agro-exportadoras. O traço mais peculiar à economia subdesenvolvida é a predominância do setor primário, isto é, a dependência de um ou de uns poucos produtos de exportação de origem agropecuária ou extrativa. Os preços pagos pelos produtos agrícolas e pelas matérias-primas em geral no mercado internacional são proporcionalmente inferiores aos preços dos produtos industriais. Essa desproporção gera um desequilíbrio entre importações e exportações dos países agro-exportadores: suas exportações tornam-se insuficientes para adquirir os produtos industrializados de que necessitam, inclusive maquinaria para estabelecer sua própria indústria.

Tecnologia e obsolescência. O esforço dos países subdesenvolvidos para a industrialização se vê seriamente limitado por problemas decorrentes do atraso tecnológico. As potências industriais investem somas gigantescas em tecnologia, o que resulta em constante aperfeiçoamento e barateamento de seus produtos. Podem fazê-lo porque dispõem de capitais para investir e de vastos mercados que permitem recuperar com lucros os investimentos. Os produtos industriais dos países mais pobres são, dessa forma, relegados à obsolescência e alijados do mercado, mesmo internamente, se não houver medidas políticas de proteção ao produto nacional.

A importação de tecnologia para diversificação da produção da periferia, que poderia apresentar-se como solução, não raro acarreta conseqüências sociais graves: além do endividamento, a substituição de mão-de-obra por máquinas aumenta o contingente de desempregados, que o setor de serviços não tem condições de absorver, como costuma ocorrer nas metrópoles.

Estrutura interna do país subdesenvolvido. É manifesta, em geral, a solidariedade das classes economicamente dominantes do país subdesenvolvido com os centros econômicos externos. Mediante a aliança com as elites de cada país pobre, a grande indústria internacional se beneficia de mão-de-obra barata e de mercados para seus produtos, disputados às indústrias autóctones.

O modelo de propriedade agrária predominante é o latifúndio improdutivo. Grande parte da população rural desempenha atividades econômicas de subsistência e não participa do mercado. O êxodo rural em busca de melhores condições de trabalho provoca o crescimento desordenado das cidades, que se tornam abarrotadas de mão-de-obra não-qualificada. Os mercados são exíguos e de baixo poder aquisitivo, voltados para produtos de primeira necessidade.

O nível de industrialização e o padrão de vida da população não são os mesmos em todos os países do terceiro mundo. As diferenças regionais dentro de um mesmo país também podem ser agudas: o Brasil, por exemplo, possui uma pujante indústria automobilística e mercado para bens de consumo duráveis. Calcula-se, no entanto, em apenas 15% a parcela da população que consome produtos industrializados.

Entre os anos 30 e os anos 80, a desigualdade social ampliou-se no Brasil. A partir de 1980, o Brasil passou a conviver com uma nova forma de exclusão social, associada ao desemprego alto, `a violência, que atingia principalmente os jovens. Nos anos 60 e 70, foram corriqueiros, no Brasil, estudos sobre a marginalidade e a desigualdade social; na década de 1980 essas terminologias foram substituídas pelo da pobreza e, na entrada da década de 1980 para a de 1990, a mesma tese social passa a ser denominada de exclusão social. Na sociedade contemporânea, inserida na globalização, foi intensificada a centralização de renda, sendo que o Brasil é visto globalmente, como um país gerador de riquezas imensas, porém aparecemos nos últimos lugares, nas estatísticas sobre qualidade de vida da população. A violência, a miséria, o desemprego confirmam essa deprimente realidade.

“O excluído não é apenas aquele que se encontra em situação de carência material, mas aquele que não é reconhecido como sujeito, que é estigmatizado, considerado nefasto ou perigoso à sociedade” (Nascimento, 1994). Mas, afinal quem são os excluídos? O termo diz respeito às minorias, aos desempregados, aos sem-moradia; aos sem-terra, aos moradores de rua, aos favelados, aos que não têm oportunidade à saúde, educação, previdência ,aos negros, aos índios, às mulheres, aos jovens, aos velhos, às pessoas com necessidades especiais,etc., por fim, um arrolamento quase permanente.

A Inclusão é uma das características contemporâneas da sociedade que são apresentadas como a nova questão social. No entanto, o caminho desta construção, será a luta pelo reconhecimento, e não pela inclusão. Portanto, a construção só pode vir pela recuperação do espaço da exclusão, pela valorização das realidades que, por não se reprimir à lógica capitalista, podem oferecer resistência necessária para abrir caminhos para a efetiva cidadania.

 

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