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RIBEIRÃO PRETO, SP, Brazil
O grande mestre não ensina Amplia os horizontes dos seus alunos Num aprendizado constante Nildo Lage
História e problemas da urbanização

 Ruínas de Ur, na Mesopotâmia (Iraque), cidade cujos primeiros vestígios datam de 6000 a.C

As primeiras cidades como Ur e Babilônia, surgiram na Mesopotâmia, nos vales dos rios Tigres e Eufrates, no atual Iraque. Por volta de 2500 a.C, acredita-se que Ur chegou a ter 50 mil habitantes, enquanto Babilônia, 80 mil. Depois outras cidades surgiram ainda associadas aos vales fluviais como Mênfis e Tebas, no vale do Nilo (Egito); Mohenjodaro, no vale do Indo (centro-norte da Índia); Pequim e Hang-chou, no vale do rio Amarelo (China).
Diversos pesquisadores afirmam que essas cidades fazem parte de "
civilizações hidráulicas", pois surgiram associadas e dependentes aos rios que as abasteciam, principalmente em relação à necessidade de terras férteis e de irrigação para a produção de alimentos excedentes. Também surgiram cidades por volta de 500 a.C, como Tenochtitlán, capital do Império Asteca (atual Cidade do México) que chegou a ter 100 mil habitantes.
Com o passar do tempo as cidades chegaram a atingir dimensões impressionantes. Atenas, na Grécia antiga, em sua fase esplendorosa chegou a ter por volta de 250 mil habitantes. Já Roma, a capital do Império Romano, chegou a congregar no século 1º d.C., mais de um milhão de habitantes. Devido à expansão do Império Romano, novas cidades surgiram no norte da África, no Oriente Próximo, na Grécia, na Gália e na Bretanha.
Com a invasão dos povos bárbaros - vindos do norte e do leste da
Europa - nas terras do Império Romano, encerrou-se o período histórico conhecido como Antigüidade e teve início a Idade Média, caracterizada por um retrocesso da urbanização.
A urbanização ganhou escala mundial somente no século 20.
Industrialização e crescimento urbano
O início desse processo de urbanização originou-se com a primeira Revolução Industrial no final do século 18, a partir da Inglaterra. A evolução das técnicas agrícolas, trazidas por ela, permitiu que o trabalho humano fosse sendo substituído pela força das máquinas. Isso possibilitou que o êxodo rural se tornasse a maior causa da urbanização nos últimos dois séculos.
Ao mesmo tempo em que expulsava a mão-de-obra do campo, a industrialização exercia uma força de atração das populações para as cidades, pois criava novos postos de trabalho urbano. Esse processo crescia a cada ano, porque com o aumento da população da cidade, o comércio foi estimulado, gerando mais postos de trabalho. Além disso, para atender a esse crescente contingente de pessoas que migraram para as cidades, houve também o crescimento do setor terciário, por causa da criação de novos serviços, o que originava mais trabalho.
 Urbanização hoje
No século 20, o processo de urbanização se generalizou, ou seja, se espalhou por toda a superfície do planeta. Vale lembrar que até meados deste século o fenômeno da urbanização era lento e circunscrito aos países que primeiro se industrializaram, os chamados países desenvolvidos. Nos países em desenvolvimento, a urbanização se intensificou a partir de 1950, graças ao crescimento da industrialização.
No início do século 19, menos de 5% da humanidade vivia em cidades. No início do século 21, mais de 50% da população mundial já vive em cidades. Atualmente, três quartos dos habitantes dos países desenvolvidos vivem em cidades. Já entre os países em desenvolvimento, há grandes diferenças. Por exemplo, enquanto na América Latina e no Caribe a taxa de urbanização é tão elevada quanto à de países desenvolvidos, na Ásia e na África o índice não passa de 38%. Ao analisarmos os dados distribuídos na tabela abaixo, observamos que, de fato, a urbanização no mundo não é homogênea.
Urbanização é o aumento proporcional da população urbana em relação à população rural. Segundo esse conceito, só ocorre urbanização quando o crescimento da população urbana é superior ao crescimento da população rural.
Somente na segunda metade do século 20, o Brasil tornou-se um país urbano, ou seja, mais de 50% de sua população passou a residir nas cidades. A partir da década de 1950, o processo de urbanização no Brasil tornou-se cada vez mais acelerado. Isso se deve, sobretudo, a intensificação do processo de industrialização brasileiro ocorrido a partir de 1956, sendo esta a principal conseqüência entre uma série de outras, da "política desenvolvimentista" do governo Juscelino Kubitschek.
É importante salientar que os processos de industrialização e de urbanização brasileiros estão intimamente ligados, pois as unidades fabris eram instaladas em locais onde houvesse infra-estrutura, oferta de mão-de-obra e mercado consumidor. No momento que os investimentos no setor agrícola, especialmente no setor cafeeiro, deixavam de ser rentáveis, além das dificuldades de importação ocasionadas pela Primeira Guerra Mundial e pela Segunda, passou-se a empregar mais investimentos no setor industrial.
Êxodo rural
As indústrias, sobretudo a têxtil e a alimentícia, difundiam-se, principalmente nos Estados de São Paulo e Rio de Janeiro. Esse desenvolvimento industrial acelerado necessitava de grande quantidade de mão-de-obra para trabalhar nas unidades fabris, na construção civil, no comércio ou nos serviços, o que atraiu milhares de migrantes do campo para as cidades (êxodo rural).
O processo de urbanização brasileiro apoiou-se essencialmente no êxodo rural. A migração rural-urbana tem múltiplas causas, sendo as principais a perda de trabalho no setor agropecuário - em conseqüência da modernização técnica do trabalho rural, com a substituição do homem pela máquina e a estrutura fundiária concentradora, resultando numa carência de terras para a maioria dos trabalhadores rurais.
Assim, destituídos dos meios de sobrevivência na zona rural, os migrantes dirigem-se às cidades em busca de empregos, salários e, acima de tudo, melhores condições de vida.
População urbana
Atualmente, a participação da população urbana no total da população brasileira atinge níveis próximos aos dos países de antiga urbanização da Europa e da América do Norte. Em 1940, os moradores das cidades somavam 12,9 milhões de habitantes, cerca de 30% do total da população do país, esse percentual cresceu aceleradamente: em 1970, mais da metade dos brasileiros já viviam nas cidades (55,9%). De acordo com o Censo de 2000, a população brasileira é agora majoritariamente urbana (81,2%), sendo que de cada dez habitantes do Brasil, oito moram em cidades.
Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), no ano de 2005 o Brasil tinha uma taxa de urbanização de 84,2% e, de acordo com algumas projeções, até 2050, a porcentagem da população brasileira que vive em centros urbanos deve pular para 93,6%. Em termos absolutos, serão 237,751 milhões de pessoas morando nas cidades do país na metade deste século. Por outro lado, a população rural terá caído de 29,462 milhões para 16,335 milhões entre 2005 e 2050.
O processo de urbanização no Brasil difere do europeu pela rapidez de seu crescimento. Na Europa esse processo é mais antigo. Com exceção da Inglaterra, único país que se tornou urbanizado na primeira metade do século 19, a maioria dos países europeus se tornou urbanizada entre a segunda metade do século 19 e a primeira metade do século 20. Além disso, nesses países a urbanização foi menos intensa, menos volumosa e acompanhada pela oferta de empregos urbanos, moradias, escolas, saneamento básico, etc.
Em nosso país, 70 anos foram suficientes para alterar os índices de população rural e os de população urbana. Esse tempo é muito curto e um rápido crescimento urbano não ocorre sem o surgimento de graves problemas.
Favelização e outros problemas da urbanização
A urbanização desordenada, que pega os municípios despreparados para atender às necessidades básicas dos migrantes, causa uma série de problemas sociais e ambientais. Dentre eles destacam-se o desemprego, a criminalidade, a favelização e a poluição do ar e da água. Relatório do Programa Habitat, órgão ligado à ONU, revela que 52,3 milhões de brasileiros - cerca de 28% da população - vivem nas 16.433 favelas cadastradas no país, contingente que chegará a 55 milhões de pessoas em 2020.
O Brasil sempre foi uma terra de contrastes e, nesse aspecto, também não ocorrerá uma exceção: a urbanização do país não se distribui igualitariamente por todo o território nacional, conforme podemos observar na tabela abaixo. Muito pelo contrário, ela se concentra na região Sudeste, formada pelos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo.
Região Sudeste
Apesar desses quatro Estados ocuparem somente 10% do território brasileiro, a segunda menor em área, neles se encontram mais de 78 milhões de habitantes (IBGE, 2005), 90,5% dos quais vivem em cidades.
É também no Sudeste que se encontram três das cidades brasileiras com mais de   1 milhão de habitantes (São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte), bem como 50% das cidades com população entre 500 mil e 1 milhão de habitantes.
As sucessivas crises econômicas que o país conheceu nas últimas décadas fez seu ritmo de crescimento em geral diminuir e com isso o fluxo migratório para o Sudeste se reduziu e continua em declínio.
Centro-Oeste e Sul
A segunda região de maior população urbana no país é a Centro-Oeste, onde 86,7% dos habitantes vivem em cidades. A urbanização dessa região é ainda mais recente e foi impulsionada pela fundação de Brasília, em 1960, e pelas rodovias de integração nacional que interligaram a nova capital com o Sudeste, de um lado, e a Amazônia, de outro. Além disso, há o desenvolvimento do setor do agronegócio. A agropecuária impulsionou a urbanização do Centro-Oeste, cujas cidades apresentam atividades econômicas essencialmente de caráter agro-industrial.
A região Sul, apesar de contar com o terceiro maior contingente populacional do país - mais de 26 milhões de habitantes, 80,9% vivendo em cidades - e uma economia vigorosa, também baseada na agropecuária apresenta um índice mais baixo de urbanização. Ao contrário da região Centro-Oeste, a região Sul conheceu uma urbanização mais lenta e limitada até o início da década de 1970.
A estrutura agrária assentada na pequena propriedade e no trabalho familiar, apoiado no parcelamento da terra nas áreas de planaltos subtropicais, limitava a migração de pessoas do campo para o meio urbano. Depois, a mecanização da agricultura e a concentração fundiária impulsionaram o êxodo rural.
Norte e Nordeste
O grau de urbanização da região Norte é o mais baixo do país: 69,9% em 2003. No entanto, é a região que mais se urbanizou nos últimos anos. Entre 1991 e 2000, segundo o IBGE, o crescimento urbano foi de 28,54%. Além de ter-se inserido tardiamente na dinâmica econômica nacional, a região tem sua peculiaridade geográfica - a floresta Amazônica - que representa um obstáculo ao êxodo rural. Ainda assim, Manaus (AM) e Belém (PA) são as principais regiões metropolitanas com mais de 1 milhão de habitantes cada.
Com mais de 51 milhões de habitantes o
Nordeste é a região brasileira com o maior número de municípios (1.793), mas somente 69,1% de sua população é urbana. A estrutura agrária baseada na pequena propriedade familiar, na faixa do Agreste, colaborou para segurar a força de trabalho no campo e controlar o ritmo do êxodo rural. O baixo rendimento e a baixa produtividade do setor agrícola restringiu a repulsão dos habitantes rurais, ao passo que o insuficiente desenvolvimento do mercado regional limitou a atração exercida pelas cidades.
 METROPOLES E MEGALOPOLES
As cidades podem ser classificadas quanto à origem. Nesses termos, encontram-se duas categorias:
cidades espontâneas ou naturais: constituem a maioria das cidades do planeta e foram formadas, através dos tempos, em locais que apresentavam algum tipo de vantagem para seu primitivo grupo populacional.
É o caso de cidades que se localizam às margens de mares e de rios, que proporcionam alimentação e facilidade de transporte, por exemplo. Mas é também o caso de cidades que surgiram em torno de castelos, nos entroncamentos de estradas ou em rotas comerciais, que ofereciam respectivamente garantia de segurança, facilidade de deslocamento ou oportunidade de negócios.
Alguns exemplos: Londres (Reino Unido), Moscou (Rússia), Paris (França), Rio de Janeiro e São Paulo (Brasil).
cidades planejadas: aquelas que são intencionalmente criadas em locais previamente escolhidos, implantadas em períodos temporais relativamente breves, com finalidade de caráter geopolítico.
Em geral, as cidades planejadas têm seu planejamento rapidamente atropelado pelo crescimento populacional, o que faz o traçado original sucumbir diante da espontaneidade com que a população se espalha pelo seu entorno ou por seu interior.
O exemplo máximo que se poderia dar do fenômeno, em termos brasileiros, é Brasília, planejada para acolher 500 mil habitantes, mas já teve esse número multiplicado por quatro, de acordo com o censo de 2000.
Outros exemplos: Camberra (
Austrália), Islamabad (Paquistão), Belo Horizonte e Goiânia (Brasil).
Função principal
Este é um outro critério de classificação das cidades que leva em conta fatores de ordem política, econômica, histórica ou cultural. É essencial atentar para o adjetivo "principal", pois as cidades não apresentam uma função única, porém uma que predomina sobre as demais. Por sua função principal, podem-se distinguir as cidades a partir das seguintes categorias:
Político-administrativas: Washington (EUA), Berlim (Alemanha), Brasília (Brasil);
Industriais: Detroit (EUA), Manchester (Reino Unido), Volta Redonda (Brasil);
Portuárias: Roterdã (Holanda), Hamburgo (Alemanha), Santos (Brasil);
Religiosas: Jerusalém (Israel); Varanasi (Índia), Aparecida (Brasil);
Históricas: Atenas (Grécia), Florença (Itália), Ouro Preto (Brasil)
Tecnológicas: Boston (EUA), Bangalore (Índia), Campinas (Brasil)
Turísticas: Miami (EUA), Katmandu (Nepal), Salvador (Brasil)
No entanto, é muito importante observar que são várias as cidades multifuncionais onde vários das funções acima mencionadas podem ser observadas simultaneamente e é impossível se dizer que uma predomina sobre a outra.
Tome-se como exemplo o caso de Jerusalém, capital de Israel e, portanto, sua sede político-administrativa. Jerusalém é ainda, inquestionavelmente, uma cidade em que os aspectos religiosos, históricos e turísticos merecem destaque.
Do mesmo modo, o Rio de Janeiro, no Brasil, que já foi a capital federal, continua sendo a sede político-administrativa do Estado do Rio de Janeiro, é um pólo turístico internacional, concentra indústrias e conserva sítios históricos de importância ímpar.
Conurbação, metrópoles e megalópoles
No estudo das cidades, deve-se levar em consideração dois fenômenos que permitem estabelecer outras possibilidades de classificação. Em primeiro lugar, deve-se saber que a expansão horizontal de um sítio urbano (a área efetivamente ocupada pela cidade) pode fazer com que ele se junte e misture a outro sítio urbano, de modo que seus limites geográficos mal podem ser distinguidos.
A esse fenômeno dá-se o nome de conurbação e é ele quem gera as metrópoles, ou seja, a união de várias cidades que funcionam, na prática, como uma única cidade. Diversas capitais brasileiras já passaram pelo fenômeno e constituem regiões metropolitanas, embora a metrópole brasileira por excelência seja a Grande São Paulo, cujo núcleo é formado por São Paulo/Capital e o ABCD (Santo André, São Bernardo, São Caetano e Diadema), embora conte, em seu total, com 39 cidades.
Nos países desenvolvidos, as regiões metropolitanas podem estar de tal forma interligadas e existir entre elas tamanha circulação de pessoas, serviços, mercadorias, capital e informações que se formam as megalópoles. Nos Estados Unidos, por exemplo, considera-se uma megalópole Bos-Wash, a região que se estende de Boston a Washington, incluindo grandes metrópoles como Nova York, Newark, Filadelfia e Baltimore.
Redes urbanas
Considerando-se que as cidades não estão isoladas, mas obrigatoriamente estabelecem relações com outras, pode-se proceder uma nova classificação e uma hierarquia entre diversos centros urbanos. Para isso, leva-se em conta, sobretudo, a importância e a influência econômica que uma cidade exerce em sua relação com as outras.
Assim, pode-se falar em metrópoles nacionais, como São Paulo e o Rio de Janeiro; metrópoles regionais, como Recife e Porto Alegre; em centros regionais, como Ribeirão Preto, no norte de São Paulo, ou Vitória da Conquista, no sul da Bahia; ou em cidades locais, que constituem a grande maioria das cidades de qualquer país.
Uma última distinção pode ser estabelecida no que se refere às metrópoles. 
Cidades globais: aquelas em que se concentra a movimentação financeira, onde se situam as sedes de grandes empresas ou escritórios filiais de multinacionais, importantes universidades e centros de pesquisa. Elas dispõem da infra-estrutura necessária para a realização de negócios nacionais e internacionais, como aeroportos e/ou portos, bolsas de valores e avançados sistemas de telecomunicações, além de uma ampla rede de hotéis, bancos, centros de convenções, de eventos e de comércio.
Megacidades: são cidades com mais de 10 milhões de habitantes.
Sendo o conceito de megacidade meramente populacional, ele pode se mesclar ao de cidade global. Nova York (EUA), Tóquio (Japão) e São Paulo (Brasil) são simultaneamente cidades globais e megacidades. A Europa apresenta diversas cidades globais que, entretanto, não são megacidades: Londres (Reino Unido), Paris (França), Milão (Itália), Frankfurt (Alemanha). A Ásia concentra diversas megacidades que, contudo, não são cidades globais: Pequim (China), Nova Délhi, Calcutá e Mumbai (Índia), Karachi (Paquistão). Na África, Lagos (Nigéria) é uma megacidade.
A URBANIZAÇÃO NO BRASIL
Podemos afirmar que o Brasil, hoje, é um país urbanizado. Com a saída de pessoas do campo em direção às cidades, os índices de população urbana vem aumentando sistematicamente em todo o país. A partir da década de 60, as cidades passaram por um processo de dispersão espacial, à medida que novas porções do território foram sendo apropriadas pelas atividades agropecuárias.
É considerável o numero de pessoas que trabalham em atividades rurais e residem nas cidades. As greves dos trabalhadores bóias-frias acontecem nas cidades, o lugar onde moram. São inúmeras as cidades que nasceram e cresceram em áreas do país que tem a agroindústria como impulso das atividades econômicas secundárias e terciárias.
Em virtude da modernização do campo, assiste-se a uma verdadeira expulsão dos pobres, que encontram nas grandes cidades seu único refúgio. Como as industrias absorvem cada vez menos mão-de-obra e o setor terciário apresentam um lado moderno, que exige qualificação profissional, a urbanização brasileira vem caminhando lado a lado com o aumento da pobreza e a deterioração crescente das possibilidades de vida digna aos novos cidadãos urbanos.
Os moradores da periferia, das favelas e dos cortiços tem acesso a serviços de infra-estrutura precários. O espaço urbano, quando não oferece oportunidades, multiplica a pobreza. 
A REDE URBANA BRASILEIRA
Apenas a parti da década de 40, que se estruturou uma rede urbana em escala nacional. Até então, o Brasil era formado por “arquipélagos regionais” polarizados por suas metrópoles e capitais regionais. A integração econômica entre São Paulo, Zona da Mata nordestina, Meio-Norte e região Sul era extremamente frágil. Com a modernização da economia, primeiro as regiões Sul e Sudeste formaram um mercado único que, depois, incorporou o Nordeste e, mais recentemente, também o Norte e o Centro-Oeste.
As metrópoles concentravam os índices de crescimento urbano e econômico e detinham o poder político em grandes frações do território. É o caso de Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte, São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba e Porto Alegre. As metrópoles abrigavam, em 1950, aproximadamente 18% da população do país; em 1970, cerca de 25%; e, em 1991, mais de 30%.
A medida que a infra-estrutura de transportes e comunicações foi se expandindo pelo país, o mercado se unificou e a tendência a concentração urbano-industrial ultrapassou a escala regional, atingindo o país como um todo. Assim, os grandes pólos industriais da região Sudeste, passaram a atrair um enorme contingente de mão-de-obra das regiões que não acompanharam seu ritmo de crescimento econômico e se tornaram metrópoles nacionais. Após a Revolução de 1930, que levou Getulio Vargas ao poder, até meados da décadas de 70, o governo o federal concentrou investimentos de infra-estrutura industrial na região Sudeste, que , em conseqüência, se tornou o grande centro de atração populacional do país. Os migrantes que a região recebeu eram, constituídos por trabalhadores desqualificados e mal remunerados, que foram se concentrando na periferia das grandes cidades.
Com o passar dos anos, a periferia se expandiu demais e a precariedades do sistema de transportes urbanos levou a população de baixa renda a preferir morar em favelas e cortiços no centro das metrópoles.
A rede urbana interfere na vida das pessoas de maneiras diferentes. As pessoas de classe social mais alta podem aproveitar de tudo numa metrópole, todos os recursos estão a disposição. Mas outros que já não podem nem levar ao mercado o que produzem, são presos aos preços e as carências locais. Para estes a rede urbana não é totalmente uma realidade.
As condições de determinada região determinam a desigualdade entre as pessoas. Por isso, muitos são cidadãos diminuídos ou incompletos.
AS METRÓPOLES BRASILEIRAS
As regiões metropolitanas brasileiras foram criadas por lei aprovadas no Congresso Nacional em 1973, que as definiu como “um conjunto de municípios contíguos e integrados socioeconomicamente a uma cidade central, com serviços públicos e infra-estrutura comum”.
A medida que as cidades vão se expandindo horizontalmente, ocorre a conurbação, ou seja, elas se tornam contínuas, plenamente integradas, e os problemas de infra-estrutura urbana são comuns ao conjunto de municípios da metrópoles.
Foram criados os conselhos deliberativos e consultivos para administrar esses problemas comuns a um conjunto de cidades. Recebe o nome de Secretária de Estado dos Negócios Metropolitanos. Na prática, acaba tomando decisões administrativas em função de determinações políticas e sob ordens do governador do estado, deixando as determinações técnicas em ultimo plano.
No Brasil, são legalmente reconhecidas treze regiões metropolitanas. Duas delas São Paulo e Rio de Janeiro são nacionais. As outras onze metrópoles, Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife, Salvador, Fortaleza, Curitiba, Belém, Baixada Santista, Vitória, São Luís e Natal, são consideradas regionais por exercerem seu poder de polarização apenas em escala regional.
A baixada Santista e a região de Campinas, que, juntamente com o vale do Paraíba, formam a primeira megalópole brasileira entre São Paulo e Rio de Janeiro, agrupam um conjunto de treze cidades-satélites são administrados pelo governo do Distrito Federal. Em 1998, foi aprovado pelo Senado projeto autorizado a Presidência da Republica a instituir a Região Integrada de Desenvolvimento do Entorno. A secretaria do Entorno do Distrito Federal é responsável pela política de planejamento integrado de 42 municípios. Manaus, apesar de ter superado a cifra de um milhão de habitantes e exercer enorme poder de polarização em uma vasta área da Amazônia, não possui nenhum município a ela conurbação e poder, portanto, ser administrada apenas pelo poder municipal.

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